Arbitragem e Futebol

Desde os primórdios até hoje em dia, como diriam os Titãs, o árbitro de futebol faz o que o homem sem-vergonha fazia. Ele se acha no direito de errar e compensar erros, favorecer um ou outro time e até mesmo cultiva rusgas com jogadores, comissão técnica, dirigentes e até imprensa.

O futebol, a mais sublime das artes, que é pintada com os pés e uma aquarela esférica, sofre com a falta de escrúpulos de uns e completa ausência de organização de muitos. E não falamos somente de árbitros. Estamos falando de federações, clubes e outros interessados.

Eles não podem continuar sendo refém dos interesses de poucos e prejudicar o mais belo espetáculo esportivo. Não, não estamos falando do campeonato mundial de lingeries semitransparentes. Os homens de preto devem lutar pela sua dignidade, por melhores condições de trabalho, por uma carreira longa e sólida. É triste ver um árbitro do nível do Gaciba, ao 39 anos, abandonar o futebol frustrado

Muitas mudanças precisam ser feitas, a começar pela International Board, que precisa de renovação imediata e de ideias inovadoras, que facilitem a vida dos árbitros e dinamizem as partidas. O advento da tecnologia e a qualidade de imagens outrora inimaginável me faz achar ridículo ter um árbitro central, dois auxiliares e um quarto árbitro.

Não estou dizendo que deveriam diminuir o número de profissionais. Pelo contrário. Acho que 5 seria um número ideal de profissionais de arbitragem trabalhando em partidas de futebol. Se houvessem dois árbitros de campo com os mesmos poderes, aplicando a regra como ela deve ser aplicada, outros dois fazendo o acompanhamento por monitores e um quinto desempenhando o papel do quarto árbitro, teríamos um mundo futebolístico com menos jogadores se jogando para cavar faltas e pênaltis, menos jogadas violentas, menos simulações e, o mais importante, menos atrito entre jogadores e arbitragem. A interpretação pode ser questionada, as imagens não.

É entristecedor ver batalhadores serem derrotados por causa de um apito. Não digo que os árbitros não sejam suficientemente responsáveis, mas o futebol é muito maior que uma partida de 90 minutos. Futebol é lazer para quem assiste mas, para quem joga, dirige e investe pesado, isso é business.

Eu sou completamente a favor de que os árbitros formem uma classe independente de federações e vendam seus serviços de forma honrosa, respeitando os seus direitos e cumprindo com os seus deveres de profissionais capacitados.

Já passou da hora de FIFA, International Board, Confederações Continentais, Confederações Nacionais, Federações, clubes e até empresas patrocinadoras tomarem alguma atitude quanto a isso. O brilhante uso da tecnologia por parte dos organizadores da NFL, liga de futebol americano dos EUA serve para evitar erros grotescos e culpar uma ou duas pessoas por um erro que pode custar o emprego de muita gente é injusto com todos os envolvidos direta e indiretamentena atividade.

Nos jogos de futebol americano, o que há de mais avançado em tecnologia de geração de imagens é aplicado em cada um dos jogos que gera milhões de dólares por partida. E vou mais longe. Até o tênis, uma das modalidades esportivas mais tradicionais e com menos alterações nas suas regras, mudou e passou a aceitar o recurso tecnológico para tirar dúvidas devido à velocidade qua as bolas atingem. Não faz sentido, no futebol, tudo ser tão primitivo.

Quem quer a polêmica do jogo de domingo no bar, que procure campeonatos de várzea. O futebol cresceu demais para uma visão tão estreita de algo que adquiriu tanta importância.